30/11/2014

GRUPOS PEQUENOS ESPECIAIS II

(UM EXEMPLO DA IGREJA PRIMITIVA)

(... continuação)

Mas, também, os membros consideravam que os grupos pequenos (reuniões em casa) tinham valor e eram parte do seu programa diariamente, onde eles participavam e serviam a Deus. Os membros, por causa do tamanho do grupo (era pequeno), tinham boas oportunidades de dar e receber encorajamento e fortalecimento para viver a vida cristã. Eles tinham suas reuniões numa igreja onde eles ouviam a Palavra de Deus; mas, parece que o lugar onde começavam a praticar o que eles tinham   rendido, era nos grupos pequenos. Agora, Deus está nos dizendo algo que não pode ser esquecido. Grupos pequenos devem ter uma chance na igreja local. Na história da Igreja, Deus usava grupos pequenos dentro de cada reforma e etapa espiritual importante; e Ele ainda usa este método hoje. O líder pode começar, formando grupos pequenos de pessoas que têm interesse (ou dons) em comum.

"Deus deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade." (I Tm 2.4)

"Lembrar-se-ão do Senhor e a Ele se converterão os confins da terra." (Sl 22.27)

De "Crescimento Equilibrado na Igreja Local" Autor: Dr. Lourenço Eduardo Keyes. Editora Sepal


22/11/2014

CARTA A MARTIN LUTHER KING JR.


       Caro pastor e mestre,

    Embora passados 46 anos ainda lamentamos muito sua partida tão precoce, vítima exatamente daquilo que se tornou uma das maiores legendas de sua vida: a não-violência. E motivado por intolerância e ódio que eram as antíteses justapostas de sua vida e missão.
Bem que você poderia estar aqui desfrutando de seus 85 anos de vida, caminhando conosco em muitos outros enfrentamentos pacíficos por direitos sociais, culturais, difusos, enfim, por mais justiça para todos.

       Aqueles que atentaram contra sua vida acharam que lhe matando, aniquilariam as lutas por direitos civis, justiça e paz. Ledo engano! Sua morte, que lamentamos sempre, levou a muitas conquistas e a outras plausíveis bandeiras também. Ainda assim, é verdade que muita gente lhe prefere a ativo em tantas militâncias por justiça, dignidade humana e pacifismo.

     Seus sonhos por equidade, como ditos no grande discurso do Memorial Lincoln na Marcha de Washington em 1963 despertou consciências e levou a mobilizações por justiça em todo mundo, tanto de negros quanto de brancos, inclusive no Brasil.

       Passado mais de um século da abolição jurídica da escravatura aqui no contexto brasileiro, existe ainda muita intolerância, discriminação, preconceito e mesmo escravidão, tanto econômica, religiosa, geográfica, educacional, profissional, salarial. E não só contra negros como também contra índios, bolivianos e outros pobres latino-americanos, contra chineses e outros asiáticos e também africanos. Sem falar na violência letal que dizima preferencialmente negros no Brasil – cerca de 70% do total – como apontaram, mais uma vez, dados recentemente divulgados. O que a polícia matou aqui só em 2013 equivale à mesma quantidade de mortos praticados pela polícia de seu país, só que num período de 30 anos. Um genocídio silencioso e continuado. Planejado?

        O sistema de cotas criado em seu país e que deu certo foi muito tardiamente aplicado aqui, mas já mostra bons resultados, embora haja muita oposição e crítica feroz, muitas delas com discursos sofistas que dissimulam preconceito perverso. Certamente não é o melhor sistema, mas é o que é possível, e tem produzido resultados no diapasão da justiça. Esta é uma questão de direito, não de bondade, obviamente!

       Permita-me alongar só um pouco mais esta missiva. Passados anos e décadas destas lutas e discussões étnicas por justiça e reconciliação existem ainda muitas denominações religiosas no Brasil, como ilustram bem grupos batistas, que somente mantém parcerias e, por isso mesmo, recebem aqui apenas pastores e missionários brancos, geralmente estadunidenses. Como se não houvesse tantos evangélicos negros nos Estados Unidos!

       Em seu país as coisas também não andam muito bem. Seu sonho de que brancos e negros pudessem viver efetivamente juntos ocorreu em grande parte, sobretudo por conta da legislação que acabou com a segregação em escolas, bebedouros, banheiros, restaurantes etc. Porém, no ambiente particular das igrejas, onde o Estado não pode legislar, a separação se manteve e prevalece em grande parte. O que você disse há mais de 50 anos de que o dia e a hora mais segregados dos Estados Unidos é o domingo às 9 horas da manhã, quando as igrejas se reúnem para seus cultos, permanece – escandalosamente – até hoje. E tem recrudescido muitos problemas de violência contra negros, sobretudo em sua região, no Sul do país.~

        Aqui entre nós há alguns movimentos de luta e resistência, inclusive no contexto das igrejas, mas há ainda uma longa caminhada a ser percorrida para efetivação da justiça. Não quero mesmo incomodar seu sossego eterno, mas sabe que as cúpulas denominacionais aqui são majoritariamente brancas? Atualmente os presidentes dos batistas, dos metodistas, dos presbiterianos, dos congregacionais, dos luteranos, dos assembleianos, enfim, são todos da mesma pigmentação da pele dos antigos senhores da Casa-grande. E olha que temos uma igreja bastante negra e mestiça no Brasil. O nosso pentecostalismo, sobretudo, é grandemente negro e pardo, como dizemos aqui, mas nem entre estas cúpulas os negros têm muita chance. É verdade – justiça seja feita – que tem muitos brancos de consciência e alma negras, graças a Deus, que militam por justiça nestas questões. Como têm, também, infelizmente, negros de consciência e alma brancos, reféns da mentalidade colonial que assimilaram do senhorio desumanizador da escravidão. Estes últimos não se dão conta de que o preconceito e discriminação que sofreram e sofrem ainda eles reproduzem contra seus irmãos. São vítimas de um sistema iníquo que deformou suas consciências contra eles próprios.

        Faço aqui estes deslocamentos entre “dominado” e “dominador” a partir destas questões de cor e consciência, numa perspectiva metodológica visando a conversão de todos ao caminho da reconciliação pelo viés da justiça e da paz, não para discriminar um grupo em detrimento de outro. Como bem disse D. Hélder Câmara no texto daMissa dos Quilombos “não queremos que escravos de hoje se tornem senhores de escravos amanhã”. Basta de divisão!

       Caro Luther King, sua luta e de muitos de sua geração continua hoje como batalha pacífica nossa, alargada por outros desafios que temos atualmente. Como você, sonhamos e também lutamos, inspirados e motivados por Jesus e sua missão, na busca e construção de um mundo sem discriminação, sem segregação, sem injustiça, mas de equidade. Onde não haja qualquer tipo de classificação hierárquica, mas convivência fraterna e celebração da beleza e riqueza da diversidade. A fim de que não haja mais discriminação de judeu, grego ou palestino, de homem, mulher ou outro gênero, de homossexual, transexual ou hetero, de negro, amarelo ou branco, de senhor, servo ou semiescravo, mas que todos e todas sejam respeitados e tenham acesso aos mesmos direitos, sobretudo de plena humanidade, como fez Jesus. Afinal, é este o padrão exemplar do Reino, cujo Deus não faz acepção de pessoas, antes ama a justiça e executa o direito (cf. Dt 10.17; Sl 99.4).

          Abraço fraterno,

         Clemir Fernandes

         Clemir FernandesClemir Fernandes é formado em Teologia pelo Seminário Teológico Batista do Sul, em Ciências Sociais (UFF), mestre em Sociologia (UERJ) e doutorando em Ciências Sociais (UERJ). É pesquisador do Instituto de Estudos da Religião (ISER), integra o Grupo Gestor da Rede Evangélica Nacional de Ação Social (RENAS) e é coordenador do núcleo do Rio de Janeiro da Fraternidade Teológica Latino Americana-Brasil. É editor-adjunto da revista Novos Diálogos

REFLITA!!!


A BÍBLIA É UM LIVRO NEGRO DE HERMENÊUTICA BRANCA

“Sou negro, realizo uma fusão total com o mundo, uma compreensão simpática com a terra, uma perda do meu eu no centro do cosmos: o branco, por mais inteligente que seja, não poderá compreender Armstrong e os cânticos do Congo. Se sou negro não é por causa de uma maldição, mas porque, tendo estendido minha pele, pude captar todos os eflúvios cósmicos. Eu sou verdadeiramente uma gota de sol sob a terra...” 

Frantz Fanon, em “Pele negra, Máscara branca” (1)



            A Bíblia sempre foi, e continua sendo, um livro em disputa. Nada surpreendente, em se tratando de um livro que dita em definitivo as regras, estabelece a “normalidade”, ou a “normatividade”, de toda uma civilização. Um livro, uma narrativa, com esse poder, não pode pertencer a um povo marginal, ele deverá ser universal, e para ser universal ele deve ser lido a partir da construção hegemônica. Talvez por isso todas as suas histórias são lidas quase que unilateralmente ou para exemplificar, esclarecer, o relacionamento com Deus, ou para tratar do relacionamento com o outro, com a igreja e com o mundo (como um cristão deve agir). A hermenêutica hegemônica não permite a leitura biopolítica da bíblia. Nela não se enxerga o controle social, o governo dos corpos, o exercício do poder sobre o cotidiano, o uso da força produtiva do cidadão comum, os pobres da cidade. Da mesma forma, nela também não se permite a racialização da leitura. A “lupa racial” foi quebrada, antes mesmo que pudesse ser usada. ·.

            A estranheza diante de uma proposta de Teologia Negra ou Feminista, só evidencia nossa dificuldade em lidar com a diversidade que a bíblia contém, mas é invisibilizada. Estranho mesmo é imaginar que a bíblia tenha sobrevivido por tantos séculos como um livro realmente diferente de qualquer outro, no que diz respeito a sua relação com a historicidade. Dela ocultou-se o conflito, os embates, a crítica social, a denúncia da exploração, a sexualidade, a sensualidade, o racismo, o estigma. Mais fabuloso que um mar que se abre e um homem que é engolido por um grande peixe, é a narrativa de personagens a-históricos, sem contexto, como que incontextualizáveis, sem dramas pessoais, desprovidos de dramas humanos, envolvidos em grandes feitos atravessados pelos fenômenos maravilhosos, mas não envolvidos nos feitos do dia a dia (a traição, a sedução, a disputa de poder, o nepotismo, a tradição, a artimanha, a capacidade de mentir e enganar, a expectativa, a frustração, a solidariedade, a honra, a ética).

           Os conflitos raciais foram, na melhor das hipóteses, negligenciados da hermenêutica hegemônica. Nenhum esforço para evidenciar que o conflito narrado no capítulo 12 do livro de Números é marcado pelo racismo. Miriã e Arão se indignam com a escolha de Moisés por uma mulher preta. É preta no hebraico, e traduzida apenas como “etíope”, cuxita (Nm 12.1-9). E é muito provável que é pelo receio da hostilidade por ser preta que a amada no livro dos Cânticos pede para que seu amado não atente para isso, ou seja, para o fato dela ser preta (Ct 1.5, 6). O profeta Jeremias é salvo por intervenção de um subalterno, eunuco, preto (Jr 38.7, 8), serviçal no reino, que ousa apelar ao rei para ajudar o profeta. Mas é invisível a condição de eunuco dos etíopes, uma dupla condição de subalterno e também de supressão de sua sexualidade, a não exposição das mulheres do reino branco à sexualidade preta. O etíope, escravo, eunuco, preto no reino branco, podia gozar da “boa vivência” no palácio (como nossas domésticas que “são como se fossem da família”). Mas a pergunta permanece: pode o etíope mudar a cor de sua pele (Jr. 13.23)? O eunuco etíope é “o mordomo da Casa Branca”. A revelia de sua máscara branca, sua pele é preta. A estes, precarizados na sua condição subalterna, “assexuados” num mundo sexuado, Deus nega a invisibilidade, com eles se preocupa, e lembra em promessas (Is 56.4, 5). Nada disso foi problematizado na hermenêutica hegemônica. E nossos seminários mantém a cartilha. 


             E segue o nosso povo tateando a bíblia como um livro em que todas as histórias orientam na direção de como crentes devem ser no mundo, na igreja e com Deus, sem nenhum atravessamento histórico, sem diálogo com nossos dramas estruturais. Talvez isso tenha influenciado o questionamento que James Cone diz ter feito a si mesmo: 


           “Qual a conexão entre vida e teologia? A resposta não pode ser a mesma para brancos e negros, porque brancos e negros não participam da mesma vida. A vida de um escravo negro e a vida de um senhor de escravos eram radicalmente diferentes”. 


             É verdade. Tudo isso faz da bíblia um livro muito mais de histórias “negras”. Ela contém a trajetória de um povo sofrido, hostilizado, que é liberto da condição de escravo. Um povo que perde tudo, que é vilipendiado e transita entre o cativeiro e a adaptação num mundo que vai trocando de império dominante. 


           O Deus encarnado subverte a expectativa do poder e entra no mundo pela “porta dos fundos”. Ninguém acredita num Deus que vem pobre, de cidade periférica, de um pai carpinteiro, num contexto de vulnerabilidade e em que o contexto social é dominado pelo embate político religioso. Há fundamentalistas, legalistas, radicais subversivos, políticos profissionais, territórios ocupados política e militarmente; seus seguidores são pobres, sem crédito, sem influências, subempregados, desempregados e alguns mais estáveis; precisa “subverter” a Lei para tensionar a sua ressignificação (o que era o seu verdadeiro sentido), tornando-a acessível aos que por ela só eram sobrecarregados, controlados, escravizados e punidos; que morre e sofre, não uma morte simples, mas de pária, mais vil, injustamente surrado, torturado, requintes de crueldade; contudo ele vence, e todos estes venceram nele. Por isso, a história bíblica é negra, é mulher, é indígena, é africana, é latina. Mas, não obstante, a hermenêutica ainda é europeia. É branca. Ao menos um mês no ano, leiamos esta história diferente. 


Notas
(1) FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. Salvador: Edufba, 2008. Ver em http://www.geledes.org.br/wp- content/uploads/2014/05/Frantz_Fanon_Pele_negra_mascaras_brancas.pdf
Fontes: Novos Diálogos | Ronilso Pacheco

 e http://www.cebi.org.br/noticias.php?secaoId=&noticiaId=5229

GRUPOS PEQUENOS ESPECIAIS (UM EXEMPLO DA IGREJA PRIMITIVA)

      Igreja do primeiro século crescia em número e no Espírito diariamente (At 2.47; 4.4; 5.14; 6.1; etc.); os membros tinham ousadia e coragem quando testificavam de Jesus Cristo (At 2.45; 4.34-35) e tinham um nível bem alto de mutualidade (2.44-47). A Igreja Primitiva funcionava de uma certa maneira que, se aprendida e usada, ajudaria as nossas igrejas de hoje. É interessante, contudo, que muitas das características da igreja do primeiro século são semelhantes às qualidades que nós temos hoje em nossas igrejas locais. Por exemplo, nós temos o mesmo Espírito Santo que deseja nos dar poder para viver a vida cristã; nós temos o mesmo evangelho a proclamar; e temos muitas oportunidades similares para crescer espiritualmente e testificar do nosso Senhor Jesus. Mas, por que a Igreja Primitiva crescia espiritualmente e em número com tanta rapidez? Porque ela tinha "alegria e singeleza de coração"?(At 2.46)Uma das razões que explicam este crescimento, está mencionada em At 2.46. O Dr. Lucas diz: "E perseverando unânimes TODOS OS DIAS no templo e partindo o pão de casa em casa, comiam juntos com alegria e singeleza decoração". Também em At 5.42, Lucas diz: "E TODOS OS DIAS, no templo e de casa em casa, não cessavam de ensinar, e de pregar a Jesus, o Cristo. Reuniões no templo eram importantes. Mas...

(.... continua no próximo domingo)         
De "Crescimento Equilibrado na Igreja Local"

Autor: Dr. Lourenço Eduardo Keyes. Editora Sepal

14/11/2014

POR QUE A LEI?

(...) Você entende plenamente a função da Lei de Deus para a humanidade? O que a Palavra de Deus diz a respeito do uso da Lei na pregação do Evangelho?

1. A Lei nos mostra nossa culpa perante Deus e nos faz parar de justificar-nos a nós mesmos. (Leia Romanos 3.19)

2. A Lei nos traz a consciência do pecado. (Leia Romanos 3.20)

3. A Lei define o pecado. O apóstolo Paulo nem sequer sabia o que era pecado antes que a Lei o informasse. (Leia Romanos 7.7)

4. A Lei foi concebida com o simples propósito de levar homens e mulheres a Cristo. (Leia Gálatas 3.24)

(...)
‘‘Homem algum pode redimir seu irmão ou pagar a Deus o preço de sua vida, pois o resgate de uma vida não tem preço. Não há pagamento que o livre.’’
(Salmo 49.7-8)

A Lei não socorre ninguém; ela apenas nos deixa num estado de impotência perante Deus.


Do livro: O MAIOR SEGREDO DO INFERNO (p. 28-30)
´.................................................................



09/11/2014

PENSE!


QUE DAREI EU AO SENHOR?


SE EU NÃO DER NADA

Estarei propondo o fechamento da igreja;
Estarei dando um mal exemplo para os meus filhos;
Estarei demonstrando que, para mim, só as coisas materiais
têm valor;
Estarei impedindo o meu próprio crescimento espiritual.

SE EU DER MENOS DO QUE O DÍZIMO

Não estarei demonstrando minha gratidão a Deus;
Não estarei alcançando nem ao menos o mínimo que era
exigido pela lei do Antigo Testamento;
Não estarei demonstrando minha fé na providência de Deus.

SE EU DER CONSTRANGIDO OU POR VAIDADE

Não estarei dando com alegria;
Minha oferta não será uma benção para o crescimento
espiritual de minha vida e da minha família.

SE EU DER OS MEUS DÍZIMOS REGULARMENTE

Estarei demonstrando minha fé na providência de Deus;
Estarei participando do sustento da obra da igreja;
Estarei permitindo que minha igreja participe da obra
cooperativa para a evangelização do mundo.

SE EU DER, ALÉM DOS MEUS DÍZIMOS, TAMBÉM
OFERTAS ALÇADAS

Estarei indo além das exigências da lei e vivendo na
consciência da graça de Deus;
Estarei buscando o reino de Deus e sua justiça em primeiro
lugar em minha vida;
Estarei contribuindo para a extensão do reino de Deus na
minha cidade, no meu país e no mundo.


(Do boletim da Igreja Batista da Liberdade, São Paulo)

02/11/2014

A RESSURREIÇÃO É A REGRA PERMANENTE PARA O CULTO

Watchamn Nee

 Leia Números 17.1-11


       Deus devolveu todas as varas a seus respectivos donos, exceto a de Arão, pois brotara. Ela tinha de permanecer na arca como lembrete eterno. Isso sugere que a ressurreição é a regra permanente para o culto. Se o cultuar não passar da morte para a ressurreição, não será aceito por Deus. O que ressuscita é de Deus, não de nós mesmos. Quem se julga louvável não sabe o que a ressurreição representa. Os que conhecem a ressurreição já se desiludiram consigo mesmos. Enquanto houver poder natural, o poder da ressurreição fica obscurecido. Não é na criação que o poder de Deus se manifesta de maneira mais poderosa, e sim na ressurreição. Tudo que o homem é capaz de fazer não se compara à ressurreição. Devemos chegar ao ponto de nos considerar como nada, como cães mortos. Devemos humilhar-nos a ponto de poder dizer a Deus: “Haja o que houver, foi dado por ti. Tudo que foi feito, veio de ti. De agora em diante, não vou me enganar mais a respeito disso, pois estou totalmente persuadido de que de mim só vem o que está morto, e de ti, tudo o que é vivo.” Temos, portanto, de tomar consciência dessa diferença. O Senhor jamais entende mal, mas nós, geralmente interpretamos errado. Era absolutamente impossível para Sara pensar que Isaque nascera por esforço dela. Deus deve nos levar ao ponto em que jamais interpretemos equivocadamente a ação dele. A autoridade vem de Deus, não de nós mesmos. Somos apenas mordomos de sua autoridade. Essa percepção capacita-nos a receber autoridade delegada. Sempre que tentamos exercer a autoridade como se fosse nossa, somos imediatamente despojados dela. A vara seca só pode produzir morte. Onde houver ressurreição, há autoridade, porque a autoridade repousa na ressurreição, não é coisa natural. Levando-se em conta que . aquilo que temos é natural, não temos autoridade, a não ser no  Senhor.
       O que Paulo diz em 2 Coríntios 4.7 harmoniza com a interpretação acima. Ele compara-se a um vaso terreno, e o tesouro, ao poder da ressurreição. Ele percebe muito bem que é meramente um vaso de barro, mas que o tesouro que há nele possui poder transcendente. Quanto a ele mesmo, é afligido de todas as maneiras, mas, por meio do tesouro, não é esmagado. De um lado, há morte, mas, ao mesmo tempo, manifestação de vida. O apóstolo sempre se entregou à morte, mas, ao mesmo tempo, manifestava a vida. Onde a morte opera, manifesta-se a vida. Descobrimos o cerne do ministério de Paulo em 2 Coríntios 4 e 5. E a regra de seu ministério é a morte e a ressurreição. O que há em nós é morte, o que há no Senhor é ressurreição. Não nos enganemos! A autoridade vem de Deus. Cada um de nós deve entender claramente que toda autoridade pertence ao Senhor. Nós meramente mantemos a autoridade do Senhor sobre a terra, mas nós mesmos não somos autoridade. Quando dependemos do Senhor, temos autoridade. Mas, logo que um pouco do natural se intromete, ficamos como os outros – sem autoridade. Tudo o que é da ressurreição tem autoridade. A autoridade vem da ressurreição, e não de nós mesmos. Isso é mais que simplesmente depositar a vara diante de Deus, pois essa é a vara da ressurreição, que permanece na presença de Deus. Ser autoridade delegada por Deus não é simplesmente manifestar um pouco de ressurreição, mas é ter a vara brotando, florindo e produzindo frutos, transformando-se, assim, em vida ressurreta e amadurecida.



O Pr. Watchamn Nee foi preso em Xangai (China) em 1952, e sua perseverança na fé durante os vinte anos de prisão incentivou a igreja de seu tempo e continua a inspirar cristãos hoje.